quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Previsões dos "gurus" para o S&P 500 em 2015


Este postal é obviamente para nos rirmos daqui a um ano. É que as previsões dos "gurus" dos mercados têm-se revelado historicamente desastrosas e não me parece que 2015 seja o ano em que isso vai mudar. Vamos começar por fazer um pequeno exercício: comparar as previsões para 2014 com a realidade actual. Eis aqui algumas previsões dos analistas para o S&P 500 em 2014, publicadas em Dezembro de 2013:

Sam Stovall da Capital IQ: 1895 pts.
Simon Maihoffer da iSPYEF: 1950 pts.
Tom Lee da JP Morgan: 2075 pts.

Ora, o ano de 2014 ainda não acabou e ontem o S&P 500 fechou a sessão nos 2072,83 pontos. Isso significa que o Tom Lee é um génio e os outros são todos idiotas? Nem por isso, significa que ele teve sorte, porque as previsões dos gurus não interessam sequer ao menino Jesus.

Os números e os factos não mentem: o grupo CXO Advisory analisou 6582 previsões de 68 "gurus", efectuadas entre 1998 e 2012, verificando posteriormente os resultados destas previsões. Apesar de haver muitos nomes com grande reputação entre os "gurus", a precisão média das previsões foi de apenas 47% - inferior à taxa de acerto que se obteria atirando uma moeda ao ar! Dos 68 "gurus", 42 tinham uma taxa de acerto inferior a 50%.


Outro estudo realizado por David Drema mostrou que, de uma amostra de 400 mil previsões, o erro médio rondava os 43%!!!

Naquele que é provavelmente o estudo mais exaustivo sobre esta temática, Philip Tetlock analisou 28 mil previsões feitas por centenas de "peritos". Ele concluiu que as habilidades preditivas dos "gurus" são desapontadntes. Escreveu Tetlock:

«Estes resultados colocam os peritos numa posição muito pouco lisonjeira no ranking da performance, perturbadoramente mais próximo do chimpanzé do que dos modelos estatísticos formais

Ai, que até a mim me doeu! Mas há mais:

«Os resultados não podem ser descartados como anomalias... ao analisar os números por região, período temporal e variáveis de decisão, é impossível encontrar qualquer domínio em que os humanos tenham ultrapassados os algoritmos de extrapolação mais rudimentares, muito menos os mais sofisticados modelos estatísticos.
(...) Praticamente não faz diferença se os participantes possuem doutoramentos, se são economistas, cientistas políticos, jornalistas ou historiadores, se têm experiência ou acesso a informação privilegiada. O único indicador fiável foi, ironicamente, a fama do "guru", de acordo com a indexação do Google: os "gurus" mais conhecidos, com maior probabilidade de serem "levados ao colo" pelos média, tiveram pior desempenho que os seus colegas menos conhecidos.»

E com estes parágrafos em mente, aqui ficam agora as previsões para o ano 2015. Para o ano cá estaremos para verificarmos como se portaram estes "gurus":

Andrew Garthwaite do Credit Suisse: 2100  pts.
David Kostin da Goldman Sachs 2100  pts.
Jonathan Glionna da Barclays: 2100  pts.
David Bianco do Deutsche Bank: 2150 pts.
Tobias Levkovich da CitiGroup: 2200 pts.
Savita Subramanian da Merrill Lynch's: 2200 pts.
Julian Emanuel da UBS 2225 pts.
John Stoltzfus da Oppenheimer's2311 pts.

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Ver também:  

Vinte diferenças entre a forma de pensar dos ricos e a da classe média
Do pessimismo catastrófico à euforia disparatada...
Acções, obrigações e "ruído de fundo"...

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